30 abril 2006

Tributo ao Sol




Acorda o dia bem disposto. Coloca um sorriso na alma. Abraça a pele com ar de cumplicidade. Abrasa o coração. Espelhece os olhos. Acaricia o corpo, poro por poro, num afagar escaldante que devaneia o pensamento. Abre os horizontes. Esclarece dúvidas. Modifica perspectivas. Traz vontade de dançar. Oferece bem estar. Vislumbra felicidade. Pinta a vida de cheiros. Relaxa o corpo, relaxa a mente e relaxa a alma.

27 abril 2006

Depois de nuestros hermanos...


O governo português quer acabar com o tabaco em locais públicos e fechados.
É verdade, o processo deverá estar concluído antes do Verão. É publicado em Diário da República. Depois só temos de esperar seis meses e lá para o final do ano é que isto vai andar fino.
A produtividade, como se prevê, vai aumentar!! O pessoal todo stressado, já a espumar da boca, em que irá pensar?
Ora o bom português, entenda-se macho e fêmea, do que é que gosta? Comprar, mandar bitaites, beber, beber muito, fumar e sexo.
Ora em tempos de crise (é o que se diz por aí, apesar de eu só ver grandes bombas, que quando passam abanam o meu clio de 93 - às vezes não sei se é o Katrina ou o King Kong) não se fazem compras, pelo menos que aliviem o stress por completo. Mandar bitaites, esses como são de graça, vomitam-se da boca para fora como se uma valente intoxicação alimentar se tratasse. Resta beber, fumar e sexo.
Se o tabaco vai ser proibido em locais públicos e fechados, como se faz? Beber sem fumar (o quer que seja), não é beber. Uma caipirinha sem um cigarrinho, não é uma caipirinha. Os ajuntamentos na rua devido à boa saúde, dão cabo da segurança a qualquer um. Portanto, a criminalidade aumenta. Ora aí está. Saudáveis, mas fodidos!
Não se trata de fodido no sentido da última coisa que restará aos portugueses. Sexo.
E a pensar nisso, ouvi uns rumores por aí, a Impala que já proibiu o tabaco, pois a Impala só pensa na saúde e bem-estar dos seus empregados, já mandou construir um motel ali ao lado. Terreno não falta.
Mas bom, é melhor mudar de assunto que a minha cabeça já está a fervilhar, só de pensar na fusão Impala-Motel. Seria uma noite de festa de segunda a domingo.
Pronto. Conclui-se que o governo quer que os portugueses façam sexo. Muito sexo.
Será que a nossa taxa de natalidade está a decrescer?

26 abril 2006

Quatro tiros


Paz? - Anda a jogar às escondidas!







Pão? - Está caro!







Povo? - Mal abre um raio de sol e sai à rua...





Liberdade? - "O que seria de mim?", é o que deve estar a pensar um X repórter.


25 abril 2006

Champagne, por favor!



Ups, não era bem isto...


Ah, isto sim!! Que rapazolas tão interessantes!

UM GRANDE DIA PARA NÓS TODOS

20 abril 2006

O senhor do cavalo branco

Estava, no outro dia, um artista de música deveras conhecido de várias gerações, na Antena 3 a falar, muito desgostoso da sua triste sorte.
E ligavam pessoas para falar com ele, dizer-lhe quanto o apreciavam e a dar-lhe algumas palavrinhas de consolo. Perguntavam-lhe porque é que ele se deixou fotografar nu, apenas com uma capa do disco a tapar-lhe as partes baixas. A resposta, pura e simples: "Eu não estava nu, o disco não deixava mostrar nada!". Pois claro, na semana passada fui a uma loja experimentar um cd que me assentava mesmo bem.
Outro ouvinte, cheio de ternura perguntou: "E, óh Zé Cid, como vão as vendas? Acha que os portugueses gostam de si?
Resposta: "Pois, se as rádios passassem mais música portuguesa... E há aí um senhor, o José Carlos Malato, que me disse um dia que a minha música era pimba demais para passar nas rádios. Mas depois anda aí a passarinhar-se a abanar-se todo com os cantores pimba todos, como o Emanuel e o Marco Paulo."

José Carlos Malato acabara de comprar uma briga com José Cid - José vs José. Qual dos Josés irá ganhar? Podemos adicionar o José Castelo Branco e teremos um trio perfeito. O trio maravilha.
E não se esqueçam:
Se vos disserem: "Não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer!"
Respondam: "Faz-me favas com chouriço..."

16 abril 2006

Um docinho de Páscoa

Pela voz contrafeita da poesia

Dá-nos os passos os teus passos
de manhã triunfal de cidade à solta
os gestos que devemos ter
quando a alegria descobrir os dedos
em que possa viver toda a vertigem
que trouxer da noite
os primeiros dedos do sonho
do teu sonho nosso sonho mantido
mesmo no mais íntimo abandono
mesmo contra as portas que sobre nós:
em silêncio e noiteem venenosa ternura
em murmúrio e rezase fecharam já
mesmo contra os dias vorazes
que por todos os lados nos assaltam
e consomemmesmo contra o descanso eterno
a viagem fácilcom que nos ameaçam vigiando
todo o percurso do nosso sono
interminável sono coração emparedado
no muro cruel da vida
desta que vivemos que morremos
assim esperando
assim sonhando
sonhando mesmo quando o sonho
ignorado recua até ao mais íntimo de cada um de nós
e é o gemido sem boca
a precária luz que nem aos olhos chega

Não digas o teu nome: ele é Esperança
vai até aos que sofrem sozinhos
à margem dos dia
se é a palavra que não escrevem
sobre as quatro paredes do tempo
o admirável silêncio que os defende
ou o sorriso o gesto a lágrima
que deixam nas mãos fiéis

Não digas o teu nome: quem o não sabe
quem não sabe o teu nome de fogo
quem o não viu entrar na sua noite
de pobre animal doente e tomar conta dela
mesmo só pelo espaço de um sonho

O teu nome
até os objectos o sabem
quando nos pedem um uso diferente
os objectos tão gastos tão cansados
da circulação absurda a que os obrigam

As coisas também gritam por ti

E as cidades as cidades que morreram
na mesma curva exemplar do tempo
estão hoje em ti são hoje o teu nome
levantam-se contigo na vertigem
das ruas no tumulto das praças
na espera guerrilheira em que perfilas
o teu próprio sono

*
Ah
onde estão os relógios que nos davam
o tempo generoso
os dedos virtuosos os pezinhos
musicais do tempo
as salas onde o luxo abria as asas
e voava de cadeira em cadeira
de sorriso em sorriso
até cair exausto mas feliz
na almofada muito azul do sono

Onde está o amor a sublime
rosa que os amantes desfolhavam
tão alheios a tudo raptados
pela mão aristocrática do tempo
o amor feito nos braços no regaço
de um tempo fácil
perdulário
vosso

Hoje não é fácil o tempo
já não é vosso o tempo
viajantes do sonho que divide
doces irmãos da rosa
colunas do templo do Imóvel
prudentes amigos da vertigem
deliciados poetas duma angústia
sem vísceras reais
já não é vosso o tempo.

Noivas do invisível
não é vosso o tempo
Relógios do eterno
não é vosso o tempo

*

Impossível

Impossível cantar-te
como cantei o amor adolescente
colorindo de ingenuidade
paisagens e figuras reduzindo-o
à mesma atmosfera rarefeita
do sonho sem percurso no real

Impossível tomar o íngreme caminho
da aventura mental
ou imaginar-te pelo fio estéril
da solitária imaginação

Tão-pouco desenhar-te como estrela
neste céu infame
dizer-te em linguagem de jornal
ou levar-te à emoção dos outros
pela voz contrafeita da poesia

Impossível

Impossível não tentar dizer-te
com as poucas palavras que nos ficam
da usura dos dias
do grotesco discurso que escutamos
proferimos
transidos de sonho no ramal do tempo
onde estamos como ervas
pedrinhas
coisas perfeitamente inúteis
pequenas conversas de ferrugem de musgo
queixas
questiúnculas
arrotos comoventes

*

Mas de repente voltas
numa dor de esperança sem razão de ser

Da sua indiferença
agressivamente as coisas saem

Sentimo-nos cercados
ameaçados pelas coisas
e agora lamentamos o tempo perdido
a dispô-las a nosso favor

Porque é tempo de romper com tudo isto
é tempo de unir no mesmo gesto
o real e o sonho
é tempo de libertar as imagens as palavras
das minas do sonho a que descemos
mineiros sonâmbulos da imaginação

É tempo de acordar nas trevas do real
na desolada promessa
do dia verdadeiro

*

Nesta luz quase louca
que se prende aos telhados
às árvores aos cabelos das mulheres
aos olhos mais sombrios
falamos de ti do teu alto exemplo
e é com intimidade que o fazemos
falamos de ti como se fosses
a árvore mais luminosa
ou a mulher mais bela mais humana
que passasse por nós com os olhos da vertigem
arrastando toda a luz consigo

Alexandre O´Neill (1924 - 1986)
"Poesias Completas 1951/1981", Biblioteca de Autores Portugueses,
Imprensa Nacional - Casa da Moeda

15 abril 2006

São 15:15 do dia 15

Aveiro. Tempo encoberto. As minhas mãos cheiram a alho não sei porque carga d'água, nem sequer estive a cozinhar... Tanto para fazer e tão pouca vontade para o concretizar.
Vou tomar banhinho... aquele para ficar limpinho para a Páscoa!

11 abril 2006

Proposta irrecusável

"Cicciolina, a conhecida actriz de cinema pornográfico está disposta a oferecer-se a Bin Laden se ele deixar de se dedicar ao terrorismo. «Já é altura de alguém lidar com o líder da al-Qaeda e eu estou pronta para isso», disse a actriz, de 55 anos.
«Estou disposta a fazer um acordo. Ele fica comigo e em troca pára com a tirania. O meu peito ainda só serviu para ajudar pessoas, enquanto que Bin Laden matou milhares de vítimas inocentes». "

In PortugalDiário, 11-04-2006

Se o Bin Laden aceitar a proposta, é um favor que faz à humanidade. E não tem nada a ver com o terrorismo...

Tubarão capturado na Figueira da Foz

De quem se tratará? Aceitam-se apostas...

Já vos falo, deixem-me só raciocinar mais um bocado...

05 abril 2006

Ponto de Interrogação

Permaneço na ignorância
Daquilo que não conheço
Mas aquilo que conheço, não conhecia
E por isso estava na ignorância

Conheço aquilo que queria
Mas o que conheço não basta
Perder a perfeição por ignorância
Ainda torna a lembrança mais desejada

Passos incertos e tremidos
Por ignorância, que outra coisa mais?
Causam experiências
Que se tornam sagradas conforme o uso atribuído
Lembranças de momentos por viver
Crescer, entender e seguir

04 abril 2006

Beautiful smile

Censura descensurada

"Alberto João Jardim apoiou esta terça-feira a decisão da Assembleia Legislativa da Madeira de não comemorar o 25 de Abril de 1974, apesar de considerar a autonomia das Regiões Autónomas uma das «bem conseguidas consequências» da revolução."

in Portugaldiário, 04-04-2006

Agora eu pergunto: se não fosse o 25 de Abril, como é que o AJJ poderia chamar Filhos da Puta a quase toda a gente, concretamente aos jornalistas?
Ah, pois é!

Senilidade é um mal que afecta muita gente... então na classe política...

03 abril 2006

Bonita




















Primeiro foram as mãos que me disseram
que ali havia gente de verdade
depois fugi-te pelo corpo acima
medi-te na boca a intensidade
senti que ali dentro havia um tigre
naquele repouso havia movimento
olhei-te e no sol havia pedras
parámos ambos como se parasse o tempo
parámos ambos como se parasse o tempo

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas

atrevi-me a mergulhar nos teus cabelos
respirando o espanto que me deras
ali havia força havia fogo
havia a memória que aprenderas
senti no corpo todo um arrepio
senti nas veias um fogo esquecido
percebemos num minuto a vida toda
sem nada te dizer ficaste ali comigo
sem nada te dizer ficaste ali comigo

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas

falavas de projectos e futuro
de coisas banais frivolidades
mas quando me sorriste parou tudo
problemas do mundo enormidades
senti que um rio parava e o nevoeiro
vestia nos teus dedos capa e espada
queria tanto que um olhar bastasse
e não fosse no fundo preciso
queria tanto que um olhar bastasse
e não fosse preciso dizer nada

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim pessoas

(música e letra de Pedro Barroso)

02 abril 2006

Se eu tivesse escrito isto ontem, não tinham acreditado em mim, né?

Quem me dera estar aqui!

Free Counter
Free Counter