27 junho 2006


Mar agitado este que me embala. Salpicos de sal na pele apimentada, que ardem nos olhos quebrando visões.
Silêncio de um falar entredentes, entrelinhas e cheio de um não querer falar, imponente.
O ar inquieto, esperando o fumo que se adivinha, asfixia. De repente, calmaria. Espera embalada numa noite fria. Fria ao ponto de provocar um daqueles arrepios, inquietantes.
O luar promete um desfecho...
Estou aqui, viva. E cada vez com mais vontade de viver!

21 junho 2006

Crescimento económico


Prevê-se que hoje, por volta das 15 horas, a produtividade em Portugal cresça de forma exponêncial, devido a um certo jogo entre um país que detesta cerveja, caracóis e faltar ao trabalho, e o país dos burritos...

16 junho 2006

A Boca as Bocas






Apenas
uma boca. A tua Boca
Apenas outra , a outra tua boca
É Primavera e ri a tua boca
De ser Agosto já na outra boca

Entre uma e outra voga a minha boca
E pouco a pouco a polpa de uma boca
Inda há pouco na popa em minha boca
É já na proa a polpa de outra boca.

Sabe a laranja a casca de uma boca
Sabe a morango a noz da outra boca
Mas sabe entretanto a minha boca

Que apenas vai sentindo em sua boca
Mais rouca do que a boca a minha boca
Mais louca do que a boca a tua boca.

David Mourão-Ferreira

E quem fala assim, não é gago!

Um puto dos seus sete, oito anos, no Jornal da Noite, SIC, em directo, há poucos minutos, sobre o Mundial, em geral e o jogo de amanhã, Portugal-Irão, em particular:
"Portugal vai ganhar esta merda aqui!"

09 junho 2006

Quase... Broa... de Mel









TU ESTENDE AS TUAS MÃOS
DEIXA O TEU PERFUME
BRISA DO MAR DE ILUSÃO
MEU FOGO TÃO QUENTE
MEU ASTRO SEM FIM
NO CALOR DA NOITE
TRAZ UM BRILHO NO OLHAR
NUM OCULTO ARCO-ÍRIS
OU UM RESTO DE LUAR
UM CHEIRO DE ALECRIM, AMOR
TU DEIXA O TEU OLHAR EM MIM
POISAR DE REPENTE
MEU FOGO TÃO QUENTE
ROUPA AO ABANDONO
MEMÓRIA DE CHUVA
A BORDAR A NOITE E O LUAR
TRAZ UM BRILHO NO OLHAR
NUM OCULTO ARCO-ÍRIS
OU UM RESTO DE LUAR
UM CHEIRO DE ALECRIM, AMOR
TRAZ UM BRILHO NO OLHAR
NUM OCULTO ARCO-ÍRIS
OU UM RESTO DE LUAR
UM CHEIRO DE ALECRIM, AMOR
TRAZ UM BRILHO NO OLHAR
NUM OCULTO ARCO-ÍRIS
OU UM RESTO DE LUAR
UM CHEIRO DE ALECRIM, AMOR

07 junho 2006

Dizer Porquê e Para Quê

Dizer porquê e para quê do que descubro
que a vida ensina ou julgo que ela ensina?
Se o só descubro quando passou tempo,
e a gente já passou como eu também?
Se quem me leia não me entenderá?
-ou são mais velhos e já sabem,
ou mais antigos e têm outra língua
ou são mais jovens crendo que o saber
é a sua descoberta em que de passo em passo
descobrirão que a vida não ensina
senão o que mais tarde em nós descobriremos
de quanto nunca foi ou não escolhemos.
Di-lo-ei por mim e para mim?
Porquê aos outros? Que comum tenho com eles
além de lhes dizer que não importa dizer o que não dizem?
se não há maneira alguma de viver de novo
o que quiséramos que a vida fora?
E se outros não de nós mas de si mesmos
já descobriram de outro modo a mesma coisa,
ou hão-de descobri-la?
De experiência falamos e falemos.
E nenhuma serve a ninguém. Que tê-la não atendo
Ou que não tê-la tendo-a é o que se diz dizendo.

Jorge de Sena

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