Poesia cantada
Espectáculo
Quando
Tu me vires no futebol
Estarei no campo
Cabeça ao sol
A avançar pé ante pé
Para uma bola que está
À espera dum pontapé
À espera dum penalty
Que eu vou transformar para ti
Eu vou
Atirar para ganhar
Vou rematar
E o golo que eu fizer
Ficará sempre na rede
A libertar-nos da sede
Não me olhes só da bancada lateral
Desce-me essa escada e vem deitar-te na grama
Vem falar comigo como gente que se ama
E até não se poder mais
Vamos jogar
Quando
Tu me vires no music-hall
Estarei no palco
Cabeça ao sol
Ao sol da noite das luzes
À espera dum outro sol
E que os teus olhos os uses
Como quem usa um farol
Não me olhes só dessa frisa lateral
Desce pela cortina e acompanha-me em cena
Vamos dar à perna como gente que se ama
E até não se poder mais
Vamos bailar
Quando (quando!)
Tu me vires na televisão
Estarei no écran
Pés assentes no chão
A fazer publicidade
Mas desta vez da verdade
Mas desta vez da alegria
De duas mãos agarradas
Mão a mão no dia a dia
Não me olhes só desse maple estofado
Desce pela antena e vem comigo ao programa
Vem falar à gente como gente que se ama
E até não se poder mais
Vamos cantar
E quando
À minha casa fores dar
Vem devagar
E apaga-me a luz
Que a luz destoutra ribalta
Às vezes não me seduz
Às vezes não me faz falta
Às vezes não me seduz
Às vezes não me faz falta...
Sérgio Godinho, Campolide
Desce pela antena e vem comigo ao programa
Vem falar à gente como gente que se ama
E até não se poder mais
Vamos cantar
E quando
À minha casa fores dar
Vem devagar
E apaga-me a luz
Que a luz destoutra ribalta
Às vezes não me seduz
Às vezes não me faz falta
Às vezes não me seduz
Às vezes não me faz falta...
Sérgio Godinho, Campolide
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