24 novembro 2005

Crónicas de Mariana 1

Estilhaços

Nunca pensou.
Nunca pressentiu.
Os desencantos da vida nada lhe disseram.
Sabia, no fundo de si, a picada anestesiada
Queria sentir, queria saber,
Queria estremecer e saber que tudo ali permanecia.
Mas o desejo atraiçoou-a,
Sentia agora
Tudo diferente, num agora que jamais havia sido semelhante,
Que nunca havia sentido
Mas que sentido? Tudo perdera o sentido.
Os sentidos bloquearam,
Desnorteada, desesperada, distraída…
Mas que distraída eras tu Mariana
Uma e outra vez te avisaram…
Tu nem imaginavas,
Nem imaginavas o quanto de ti te perdias,
Os dias que não passaste como devias,
Como tu querias ter passado.
Estavas longe de ti, de tudo.
Começaste agora, Mariana,
A colher o que ao teu dispor há muito estava
Começaste agora a perceber que não percebias nada.
A rebelião está feita.
Um dia após o outro vais pensar, Mariana,
Que a vida te embala à música que deseja.
E serás melhor um dia
E serás melhor outro dia,
E crescerás com sentido, tendo sentido, tendo sofrido,
Mas sabendo que serás melhor.
Lamentas-te, ainda.
E a luta está à tua espera como quem diz:
“E outra maré cheia virá da maré vaza”.
Queres acreditar nisso, não é Mariana?
E porque não?
E ela foi... sabendo que cairá umas vezes, outras não.
Mas foi, e vai descobrindo!

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